sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A paz não pode prescindir de uma nova ordem social



Estes tempos de crise deveriam servir para realizarmos um movimento que nos fizesse ir além da matança implacável de inocentes, do espetáculo ilusionista das tevês, da cobertura parcial dos jornais, do comportamento grotesco do militares e da -sempre a mesma- arrogância dos políticos. Deveria ser possível uma reflexão que, de alguma forma, melhorasse a nossa espécie. Um ato -pessoal ou coletivo- que repudiasse, denunciasse e obstruísse a violência deveria se materializar.

Mas, que voz poderia ser ouvida, se a voz dos milhares que têm saído às ruas, em todo o mundo, parece deixar ainda mais surdos os governantes? Um novo Gandhi? Um renascido Martin Luther King? De quantos mártires nossa espécie necessita para perceber que não é mais possível os gestos cruciais, decisivos e categóricos da história -aqueles que provocam mudanças efetivas para as grandes coletividades do planeta- serem sempre animados por uma pulsão de morte?

A história não pode continuar a ser impulsionada por um sentimento de ódio camuflado pelo cálculo frio dos estrategistas políticos e econômicos. Ou pela fatalidade.

Contudo, a maneira como nos relacionamos socialmente, nossas escolhas diárias e a forma por meio da qual utilizamos o que a natureza nos oferece, revelam, principalmente, nossa capacidade destrutiva.
Não somos educados para a paz.

Desde seu nascimento, nada mais parece restar ao homem, a não ser interagir, sem qualquer rumo, violento, desgovernado, com as forças do instinto e do acaso. Uma realidade -afirmo sem medo de cometer injustiças- impulsionada e reforçada pela família, pelo Estado e, muitas vezes, pelas religiões.

Somos condicionados para a violência.
Não somos educados para a paz.

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