A Tarantela e a Atividade Física

Volta e meia assalta-me a fúria de um miúra. Operado da vista e ainda no resguardo inevitável sinto que é preciso transcender. A cabeça continua tinindo, fértil, uma abundante fonte de trabalho. Sinto a vida como uma canção inédita a espera de uma conclusão, mas que seja suave, porque a suavidade da música promove a queda da pressão sanguínea, acalma a respiração, os músculos relaxam para o cérebro cochilar. Sem barreiras e com horizontes inconcebíveis, a música torna o mundo maior do que parece, e vai além dos arrepios para mergulhar em águas profundas. Todas as dimensões da música se expressam numa simples melodia. A felicidade, os tiques de pálpebras, entre sorrisos e lágrimas, nos faz prisioneiro emocional da musica e, com a rósea sensação de um mundo melhor. Quid est verita? O que é a verdade? Em Nápoles, no sul da Itália, se propagou a crença de que o envenenamento motivado pela picada da tarântula, aranha negra da região, provocava ansiedade e uma inquietude agitada e sem controle. Foi dessa agitação que nasceu a tarantela, uma dança de andamento vivo e saltitante, como remédio. Na Idade Média acreditava-se que os distúrbios mentais ocorriam nas pessoas possuídas pelo demônio e isso as excluía do convívio social por reclusão e, em alguns casos, condenadas à morte na fogueira, por bruxaria. A evolução da medicina revelou o tratamento e também identificou a depressão como a doença correspondente da atualidade. Paralelamente e no seio popular, as doenças do espírito eram tratadas com poção, um líquido curativo e, dança! Da região de Taranto, no sul da Itália,o tarantulismo ficou caracterizado como afecção nervosa e compulsão incontrolável de dançar a tarantela, música de compasso binário, andamento vivo e saltitante. A inevitável e excessiva transpiração dos dançarinos era seu elemento de cura. Essa é uma estória do passado que se volatizou no esquecimento. Afinal, a Idade Média consumiu um espaço de tempo longo compreendido entre a dissolução do Império Romano que ocorreu no século V e a tomada de Constantinopla pelos turcos no século XV.

O pensamento cria, o desejo atrai e a fé no trabalho realiza! Com particular consideração e imensa amizade, Mário Jequibau Albanese.