Apesar das maiores realizações artísticas de Nelson Rodrigues estarem na dramaturgia, é inegável sua importância para a crônica brasileira, tanto por seu estilo personalíssimo, marcado por uma quase inesgotável capacidade de criar frases de efeito (que nem sempre primavam pelo bom gosto), quanto pela veia polemista e iconoclasta com que retratou os costumes do Brasil urbano, num período compreendido entre as décadas de 1950 a 1970.
Muitas de suas frases e expressões acabaram ingressando numa espécie de memória cultural brasileira por serem provocantes e até agressivas:
– Num adultério, há homens que preferem ser o marido, não o amante. Os homens
adoram ser traídos.
– Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor.
– Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma.
– No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.
– O Sábado é uma ilusão.
– Aos dezoito anos, o homem não sabe nem como se diz bom-dia a uma mulher. O
homem devia nascer com trinta anos feitos.
– O amigo trai na primeira esquina. Ao passo que o inimigo não trai nunca. O inimigo é
fiel. O inimigo é o que vai cuspir na cova da gente.
– Toda mulher gosta de apanhar.
– O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.
– Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.
– Se cada um conhecesse a intimidade sexual dos outros, ninguém cumprimentaria
ninguém.
– Toda unanimidade é burra.
Dramaturgo, jornalista e escritor brasileiro, Nelson Rodrigues (1912-1980) completaria 100 anos em 2012, no dia 23 de agosto
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