No final dos anos 60, o ar, rios e florestas da América do Norte estavam em maus bocados, como resultado de um massivo desenvolvimento industrial. Os rios chegavam até mesmo a pegar fogo, tamanho era o despejo de lama, escombros e resíduos tóxicos que inflamavam com a menor faísca. Em cidades de médio porte, como Portland, o ar que as pessoas respiravam era tão poluído e fazia tão mal aos seus pulmões que era semelhante a fumar dois maços de cigarro por dia [fonte: Van Fleet - em inglês]. As florestas estavam em estado de alarme, pesticidas estavam sendo jogados sem o maior cuidado em terras produtivas e a água do mar estava contaminada. Nessa época, o rio Ohio´s Cuyahoga queimou (1986) pela décima vez em apenas um século, levando as pessoas a deixar de pensar localmente e passar a colocar o ambiente como objetivo principal.
Foi quando o senador de Wisconsin, Gaylord Nelson, apareceu com a ideia do Dia da Terra. Ele já estava trabalhando há anos no Congresso em busca de pessoas que se juntassem a ele na luta em defesa do meio ambiente, mas muito poucos realmente se interessavam pelo assunto até então. Gaylord chegou até mesmo a convencer o presidente Kennedy a fazer um tour discursando nacionalmente sobre o tema “meio ambiente”, em 1963, mas infelizmente os resultados colhidos foram aquém do esperado. Então, em 1969, ele anunciou o dia nacional de protesto ambiental, marcado para 22 de abril de 1970. A imprensa abraçou a ideia e passou a divulgar matérias referentes aos problemas ambientais que os Estados Unidos estavam enfrentando, tornando a data cada vez mais pública.
Como resultado, o primeiro Dia da Terra foi um enorme sucesso.
Nesse artigo, veremos como aconteceu realmente este primeiro Dia da Terra e veremos ainda como ele evoluiu. O Dia da Terra que conhecemos hoje é completamente diferente do Dia da Terra de 1970, embora o sentimento ainda seja o mesmo.
E não é difícil de imaginar como o Dia da Terra mudou, afinal, os anos 60 e 70 são épocas que jamais podem ser copiadas.
O Dia da Terra de 1970
© istockphoto.com / Bart Coenders Muitas pessoas usaram máscaras de gás como forma de protesto durante o Dia da Terra de 1970 |
Na época do Dia da Terra de 1970, bem como nos primeiros anos de celebração da data, tratava-se de um movimento em prol da “conservação” e não do “meio ambiente” em geral. O foco era preservar e proteger. Questões como a poluição do ar e da água, desmatamento e testes nucleares eram as maiores e mais discutidas – o aquecimento global ainda não estava em pauta.
O Dia da Terra de 1970 acabou superando todas as expectativas. Cerca de 20 milhões de pessoas que viviam nos Estados Unidos e Canadá estiveram envolvidas em passeatas e comícios chamando a atenção para a causa e, principalmente, clamando pelo envolvimento do governo. O sucesso foi assombroso, especialmente quando levamos em conta o orçamento do evento. Com apenas 200 mil dólares, os promotores organizaram passeatas, comícios e discursos em lugares como Washington, Nova York e Portland, sempre centrados na ideia de que as pessoas deveriam repensar suas relações com a Terra ou aceitar e sofrer com as conseqüências [fonte: Lewis - em inglês].
Esses primeiros anos do Dia da Terra foram realmente um sucesso – algo raro naquela época para uma ação que era baseada em um protesto voluntário. Em dezembro de 1970, sete meses após a realização do primeiro Dia da Terra, foi criada a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA - em inglês). O Ato do Ar Limpo (Clean Air Act) também foi criado em 1970 e o Ato das Espécies Ameaçadas (Endangered Species Act) surgiu em 1973. Ambas são leis que foram criadas após o movimento. Em 1980, o Congresso estabeleceu o Superfundo para limpar lugares que estavam em perigo e onde havia muito desperdício. Essa foi uma década e tanto para o progresso ambiental - e o Dia da Terra de 1970 teve uma participação especial nisso tudo.
É difícil explicar a excitação do começo de um movimento que hoje em dia faz a diferença. Com o lema "pensar globalmente e agir localmente", o Dia da Terra como hoje comemoramos é menos protesto e muito mais voltado ao trabalho em busca de objetivos específicos.
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