Um retrocesso para que se possa refletir como o escravo foi compelido a viver em absoluta sujeição ao seu feitor. Com a escravidão surgiram as línguas criolas originadas dos negros nascidos na América, nas plantações de cana, de fumo e açúcar. Os escravos foram obrigados a adquirir um vocabulário básico da língua dominante para um mínimo de entendimento com os capatazes. Surgiu assim um linguajar construído a partir desse convívio multirracial. Nesse contexto, surge a música como fio condutor para entrelaçar todos os tecidos de cultura existentes. Nessa mistura de ritmos com linguagens de sonoridade distintas surgiram pedaços invisíveis de conhecimento, de memórias e momentos subjetivados no sentimento coletivo. O mundo move-se pelos ritmos que o cercam num intercâmbio subjetivo e modulante para expressar a íntima relação da palavra com a música. Na língua chinesa os monossílabos se diferenciam pelo som, fato que exige dos chineses fina sensibilidade auditiva. Na África do Sul, xosa, o idioma de Nelson Mandela, usa estalos como elemento de diferenciação lingüística. É necessário sacudir a idéia de que a língua é um sistema fixo, cristalizado nas regras gramaticais. A fala humana é dinâmica, um organismo vivo e pulsante de usos e costumes. Cada região tem sua variedade lingüística e maneira própria de se expressar. Acredita-se que o dialeto, utilizado por pequenos grupos, tende a desaparecer. Como contraponto, a língua utilizada por muita gente acabará estruturada pela gramática. A universalização obrigou a adoção do inglês como segunda língua, assim como o advento da palavra impressa estagnou a evolução das línguas. Acredita-se que são seis mil os idiomas falados no mundo, isso não contando com a transcendente linguagem do internauta. A maré digital, bem utilizada, inundará todos os ambientes.
O pensamento cria, o desejo atrai e a fé no trabalho realiza.
Com particular consideração,
Mário Jequibau Albanese
Nenhum comentário:
Postar um comentário